História ℰ
Cultura
História ℰ
Cultura
Tensões sociais atropelam arranjos da governabilidade e quadro institucional não absorve gravidade da crise
Foi pouco depois do golpe que levou Pinochet ao poder que Fernando Henrique Cardoso, então exilado no Chile, publicou na revista Argumento uma das melhores análises que li sobre as razões mais complexas que haviam levado à queda de Allende. Para FHC, o incontornável compromisso da Unidade Popular em implementar seu projeto de governo provocou um tal aguçamento da luta de classes que o aparelho institucional chileno tornou-se incapaz de alguma mediação dos conflitos que emergiram no país em 1973. Uma conjuntura em tudo favorável à ruptura que ocorreria em setembro com o movimento que instalou ali uma das mais sangrentas ditaduras da História.
Naturalmente, as tensões sociais e políticas que estamos assistindo agora no Brasil são diferentes das do Chile dos anos 70, mas há uma semelhança que chama a atenção: o espaço institucional onde se articulam as forças político-partidárias que alimentaram o projeto do golpe de Bolsonaro de 8/1, a campanha sistemática da velha mídia em desqualificar o governo Lula e a judicialização que parece substituir as normas da política do convencimento e de escrutínio, colocam a sociedade inteira em estado de anomia e de perda de referências, fatos que favorecem a redução dos mecanismos de mediação e de governabilidade, como devem atuar os foruns comprometidos com a democracia e a justiça social.
Bolsonaro derrete... (30/6)
Gatos pingados reuniram-se domingo num único quarteirão da Paulista para tentar salvar a pele de Bolsonaro e de seus cúmplices. Perguntado sobre o motivo da baixíssima adesão à manifestação, Silas Malafaia saiu-de com esta: "número é menos importante".
# Acesse aqui o clipping do site com o noticiário sobre o assunto
Em algum momento, o centrão vai ter que recuar e aceitar a restauração de uma democracia funcional. Celso Rocha de Barros (Folha)
# Esquerda ainda não tem respostas para o apocalipse
Documentário fala sobre raízes fundamentalistas cristãs e abismo entre progressistas e evangélicos. Petra Costa (Folha)
Lula reencena a escuta, mas cala a mobilização; condena o bolsonarismo, mas não seu legado neoliberal. Ana Carolina Businaro (A Terra é redonda)
# Para desencarcerar a imaginação política
Crise atual é, também, da capacidade de entrever outros mundos? George Monbiot (Outras Palavras)
Amanda Klein (Uol)
A decisão de recorrer ao Supremo é majoritária no entorno de Lula. Os ministros palacianos foram se convencendo um a um de que o recurso ao STF é necessário, apesar do risco de azedar ainda mais a relação com o Parlamento. Fontes do Palácio relatam que não se trata apenas do IOF, mas de manter intactas as prerrogativas presidenciais (acesse)
Na visão deles, é o poder presidencial que está em xeque. Se abrir precedente, o Congresso, sempre que achar que deve, vai derrubar decretos e avançar. É uma questão estrutural e não circunstancial. Está nas mãos da Advocacia Geral da União apresentar o parecer na semana que vem.
Apesar de se ouvir aqui e ali que o ideal seria Lula e os presidentes da Câmara e do Senado conversarem, impera o clima de chateação e irritação. "A Câmara tem que aprender que existe Constituição e é função do Executivo mexer no IOF", comenta uma liderança do governo.
O primeiro a insistir na tese da judicializaçao foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também se convenceu a partir da forma como Hugo Motta colocou em votação o PDL que derrubou o aumento do IOF, surpreendendo a todos e, na visão do governo, quebrando um acordo.
Por último, pulou no barco o ministro da Casa Civil, Rui Costa, inicialmente mais reticente. Ao longo de todo esse processo, Lula se mostrou muito indignado e disposto a comprar a briga.
Há a leitura de que não se pode deixar de fazer o debate político. É assim que se movem os atores sociais, em torno de questões políticas. Apesar da irritação, ninguém fala em rompimento. A analogia mais exata é que é preciso "dar um tempo" na relação.
O governador de São Paulo cava ao seu redor um crescente desprestígio pela desconfiança que desperta em tudo o que faz e diz. Neste momento - às vésperas da prisão de Bolsonaro - vai se desfazendo de todos os que o trouxeram até aqui. Nem mesmo a extrema direita quer saber dele...
# A Sabesp fica sem nenhum controle social e população sofre
(Outras Palavras)
# Tarcísio é vaiado em evento em São Paulo
Assista ao vídeo (Folha)
A brevíssima história do conflito Israel-Palestina, por IIan Pape.
Obra fundamental para desestabilizar consensos consolidados e provocar uma necessária crise na consciência histórica israelense, particularmente no que diz respeito ao papel do sionismo na despossessão dos palestinos
# Resenha de Rafael Domingos Oliveira (Le Monde)
A UDN – “partido dos candidatos armados” – questionou sistematicamente a legitimidade eleitoral, tentando impedir posses de Vargas e Kubitschek, numa genealogia direta das práticas golpistas que culminaram em 1964 e ecoam no bolsonarismo.
... a “gestão caótica” dos valores provenientes de acordos de colaboração premiada e de leniência conduzidos pela Lava Jato, além de 11 possíveis infrações disciplinares de magistrados...
Savio Kotter, no GGN
"O orçamento secreto de Sérgio Moro". Livro traz à tona relatório sobre os abusos da Lava Jato (GGN)
# A tese do STF sobre a responsabilização das redes sociais.
Luís Roberto Barroso: tese não é consenso pleno, mas reflete a posição majoritária do tribunal. Vinicius Nunes (Carta Capital)
# O novo marco civil da internet.
... um equilíbrio mais robusto entre liberdade de expressão e proteção de direitos no meio digital. Marcelo Aith (A Terra é redonda)
# Máquinas intencionais, limites morais.
.. a moral não está no que a tecnologia pode fazer, mas no que (...) decidimos valorizar. Márcio Moretto Ribeiro (A Terra redonda)
# Por que STF acerta ao fixar responsabilidade para as big techs. O que se busca é evitar crimes sendo cometidos nas redes. Orlando Silva (Carta Capital)
Cortar gastos públicos, inclusive de programas sociais; desvincular despesas obrigatórias da correção do salário mínimo; desvincular despesas com saúde e educação do crescimento da receita fiscal; nova reforma da previdência; transferência do seguro desemprego para a 1a linha de financiamento do FGTS; ampliar a base dos contribuintes do imposto de renda, ao contrário da proposta de ampliar as faixas de isenção como o governo propõe (# Alexandro Martello, G1)
# O cálculo político e jurídico que Lula deveria fazer. Leonardo Miazzo (Carta Capital)
# Finanças sustentáveis: radiografia de uma farsa. João Telésforo (Outras Palavras)
# Aristocracia financeira festeja derrubada do aumento do IOF... e congressistas já falam em salvar o ajuste fiscal com a revisão dos recursos destinados à Saúde e à Educação.
# Chocado, atônito, sem reação. Hugo Souza (Come Ananás)
# Câmara derruba aumento do IOF e acende alerta (Closer Brasil)
# Por que o Congresso não gosta dos pobres? Thiago Amparo (Folha)
# A ladainha da austeridade fiscal Fernando N. da Costa (A Terra é redonda)
# Estamos no buraco. Luís Miguel (Substack)
# Começou o cerco total ao governo Lula. Luis Nassif (GGN) # Derrubada do IOF (...) pauta alianças para 2026. Letícia Casado (Folha)
Clipping do site: a batalha pela reforma fiscal
Ao contrário do que foi feito nas últimas manifestações, Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados têm evitado usar a bandeira da anistia para convocar apoiadores para o ato de domingo, na avenida Paulista. Dessa vez, o foco deve ser o julgamento do ex-presidente no STF.
Fica evidente que a deliberação unilateral de Trump no cessar-fogo (como se uma decisão dessa ordem pudesse ser tomada sem qualquer consulta e aquiescência multilateral) teve o objetivo de evitar o que parecia caminhar para ser uma derrota humilhante de Israel e dos próprios EUA. Heróica e obstinada, a resistência iraniana dobrou o imperialismo. O Irã não venceu ninguém, mas definiu a demarcação de sua soberania e o enfraquecimento global do sionismo. Siga aqui o clippping do site com o noticiário sobre o funeral político da dupla Trump-Netanyahu (J.S.Faro)
Custo do terror não é apenas moral e geopolítico. O genocídio e a agressão ao Irã desgastam economia. Emergem crise na agricultura, risco de colapso de serviços públicos e êxodo de jovens. E impactos ambientais do belicismo são incalculáveis. Luiz Marques (Outras Palavras)
As ações recentes mostram que Netanyahu e Trump não hesitam em pôr em risco a existência do próprio povo israelense. Se houver um “segundo Holocausto”, como o próprio Netanyahu anuncia, ele será o principal responsável. Gustavo Freire Barbosa (Carta Capital)
Estado de exceção está operativo na Palestina ocupada, onde o genocídio conduzido por Netanyahu, com apoio norte-americano e europeu, é transmitido ao vivo. Retomando Deleuze, a filosofia precisa combater a baixeza de seu tempo e, como diria Nietzsche, intervir nele. # Márcia Junges entrevista Peter Pál Pelbart (IHU)
"Gaza foi o anúncio, a Ucrânia o teste, o Irã a escalada, mas a Rússia e a China são a meta final e o objetivo final". O artigo é de Rafael Poch, jornalista espanhol. # Leia aqui o texto na página do IHU # Siga também o clipping do site sobre as guerras sionistas de Israel
Antes se dizia que o futebol era usado para alienar as massas enquanto os políticos faziam o que queriam, hoje ele é usado para enriquecer empresas
# Flávio Bolsonaro ainda está solto?
Celso Rocha de Barros (Folha, via 247)
# Tarcísio é um nome apoiado pela imprensa? Alexandra Moraes (ombudsman da Folha)
# O PT e o futuro.
Entre a mística socialista e os desafios do presente. Luis Marques (A Terra é redonda)
O escândalo Abin: uma estrutura paralela de governo. # Leia as matérias reunidas no clipping do site
Investigação acha 858 milionários no programa Universidade Gratuita em Santa Catarina
Estudantes com patrimônio milionário, com barcos e carros de luxo, estavam cursando o ensino superior de graça com bolsas oferecidas pelo governo de Santa Catarina, de acordo com investigação do TCE-SC.
Leia aqui a íntegra da matéria, com imagens e comentários de leitores
A Prefeitura de São Paulo colocou sob suspeita R$ 249,6 milhões em isenções fiscais concedidas ao mercado imobiliário para a construção de "moradias sociais" na capital.
Essas isenções dizem respeito à licença para a construção de 9.000 unidades desse tipo, em 57 empreendimentos —apenas 1,7% das mais de 537 mil "moradias sociais" licenciadas entre 2021 e 2024.
Ou seja: o volume total de isenções que a própria prefeitura concedeu às construtoras —e que vai precisar rever— é muito maior.
O cálculo inédito da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento, obtido pelo UOL, é o primeiro passo para que a gestão Ricardo Nunes (MDB) aplique as multas previstas pela legislação a quem burlou a política habitacional da cidade.
Após uma série de denúncias apontarem fraude na destinação dos imóveis, a Justiça determinou em janeiro que a prefeitura fiscalizasse as isenções.
Desde 2014 a Prefeitura de São Paulo oferece isenções fiscais e urbanísticas para que o mercado privado construa "moradias sociais", as chamadas HIS (Habitação de Interesse Social) e HMP (Habitação de Mercado Popular).
Em contrapartida, as construtoras devem vender esses apartamentos a famílias com renda comprovada de até dez salários mínimos.
Entretanto, a prefeitura nunca fiscalizou a venda desses apartamentos. A concessão dos incentivos foi atrelada apenas a uma autodeclaração das construtoras.
Mecanismos de controle, previstos ainda no governo Fernando Haddad (PT), foram revogados nas gestões João Doria e Bruno Covas.
Segundo investigação do Ministério Público de São Paulo de 2022, ao menos parte desses apartamentos foi comercializada livremente, sem respeitar o público-alvo determinado em lei.
Calcular a renúncia fiscal do programa é importante, mas não basta, diz o pesquisador Rodger Campos, do Núcleo de Habitação, Real Estate e Regulação do centro de estudos Insper Cidades.
"Tão mais importante é avaliar o impacto da política pública. Houve redução do déficit habitacional no grupo esperado? Se a resposta é negativa, só restou a renúncia de receita, num cenário de transferência às avessas", afirma.
As suspeitas recaem principalmente sobre prédios em bairros como Pinheiros, Itaim Bibi e Moema, onde o metro quadrado de um "studio" licenciado como HIS ou HMP passa de R$ 20 mil.
Nessas áreas, não apenas o valor do terreno é mais caro como também o preço da "outorga onerosa", a taxa que permite a construção de prédios mais altos na cidade.
Obter isenção dessa taxa, portanto, reduz o custo da incorporação e os ganhos do construtor, especialmente se o limite de renda não for respeitado e a unidade for negociada livremente, a preço de mercado.
Em novembro de 2024, o UOL mostrou que uma HIS subsidiada pela prefeitura chegou a ser negociada por R$ 1,5 milhão na Vila Olímpia, um dos bairros com projetos auditados.
O caso foi citado pelo Ministério Público como exemplo de burla à legislação vigente.
Além dos 57 projetos já avaliados, outros 150 passam pela mesma análise, segundo a secretaria.
Em nota, a prefeitura disse que "reforçou ter adotado medidas rigorosas para garantir o controle e a correta destinação de unidades de habitação social".
O maior desconto individual concedido entre os 57 projetos analisados até agora foi de R$ 23 milhões, relativo ao Living Full Vila Nova Conceição, do Grupo Cyrela.
Em construção na avenida Santo Amaro, a planta prevê duas torres de 26 andares com 576 "studios" de 24 m² classificados como HIS 2 —que devem ser comercializadas a famílias com renda mensal entre três e seis salários mínimos.
A construtora também é listada na auditoria com o Living Full Faria Lima, na zona oeste, que teve desconto de R$ 13,6 milhões de outorga onerosa. Ali, são mais 450 apartamentos do tipo HIS 2.
Procurada via assessoria de imprensa, a Cyrela não respondeu à reportagem.
A incorporadora One é a mais citada em número de empreendimentos.
A empresa, que se "especializou em fazer HIS e HMP em bairros nobres da cidade", economizou R$ 34,2 milhões em oito projetos, segundo o cálculo obtido pela reportagem.
A One pagou outorga onerosa em apenas um dos projetos analisados, o One Jurupis, em Moema, na zona sul. O pagamento foi de R$ 968 mil. Sem o desconto, o valor seria de R$ 1,8 milhão.
Localizado na região do Shopping Ibirapuera e ainda em obras, um "studio" de 55 m² ali chegou a ser vendido por R$ 900 mil, segundo informação obtida no atendimento por WhatsApp de consulta imobiliária da própria One —valor 57% superior ao teto de preço definido pela prefeitura para HMPs (destinadas a famílias de seis a dez salários mínimos).
Embora a unidade de 55 m² conste no site oficial da incorporadora, a One diz que não tem unidade de 55 m² à venda, nem fez vendas pelo valor citado.
"A empresa reforça ainda que toda a documentação comprobatória já foi encaminhada à Prefeitura de São Paulo e segue à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais", afirmou, via assessoria de imprensa.
De acordo com um decreto de 29 de maio, imóveis nesta categoria não podem ser vendidos por mais de R$ 518 mil.
A intenção é fazer valer a política de subsídio e assegurar que o público-alvo seja de fato atendido.
Segundo Valter Caldana, coordenador do Laboratório de Projetos e Políticas Públicas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, as ações da prefeitura vêm em boa hora.
"Passou da hora de São Paulo entender que não adianta mais fazer prédio sem fazer cidade", diz.
SP veta HIS e HMP como Airbnb
O decreto de maio veta a locação de curta temporada em "studios" licenciados como HIS e HMP. A medida tem como alvo imóveis construídos com subsídio público em áreas nobres que viraram Airbnb.
Segundo o secretário municipal de Habitação, Sidney Cruz, esse tipo de utilização é a prova de que a política foi desvirtuada, pois não atende a necessidade de habitação das famílias de baixa renda.
A prefeitura também apertou o controle sobre o aluguel mensal dos imóveis sociais. A partir de agora, o valor cobrado não poderá ultrapassar 30% da renda de interessados na locação.
O UOL também procurou as empresas Benx, Brio, Passarelli e o empreendimento Do It Residences, que são citados na arte que ilustra a reportagem. A Passarelli disse que não se manifestaria.
Benx e Do It não responderam à reportagem.
A Brio afirmou que os projetos de HIS e HPM foram aprovados pela prefeitura. "Em relação as vendas/destinação das unidades habitacionais, é feito uma verificação prévia da renda familiar do interessado, com documentos e informações, em conformidade com os requisitos exigidos pela legislação que disciplina esse tipo de habitação", acrescentou, em nota…
A Procuradoria-Geral do Município de São Paulo determinou a adoção do "princípio da proporcionalidade" para calcular as multas a serem aplicadas nos casos comprovados de fraude na política de moradia social.
A norma reduz o valor da punição, já que a multa não será aplicada sobre todo o empreendimento, mas apenas sobre as unidades comercializadas em desacordo com as regras…
Em nota, a prefeitura confirmou a mudança de entendimento em relação ao valor das multas relativas a fraudes e afirmou ter adotado medidas para garantir o controle e a correta destinação de unidades de habitação social.
"A Procuradoria-Geral do Município elaborou o parecer, após análise da legislação, e concluiu que o cálculo para a outorga devida deve considerar a metragem da unidade comercializada em desacordo com a legislação. As taxas devidas serão cobradas em dobro", informou.
O incentivo citado foi criado em 2014, na aprovação do Plano Diretor da cidade. Desde então, a prefeitura concede subsídios fiscais e urbanísticos para o mercado privado produzir HIS (Habitação de Interesse Social) e HMP (Habitação de Mercado Popular).
Ambos os formatos são considerados moradia social e devem atender a famílias com renda de até dez salários mínimos.
Investigação do Ministério Público, no entanto, apontou ilegalidades na destinação de parte das unidades, que foram vendidas a investidores e usadas como Airbnb em áreas nobres da cidade.
O valor cobrado pelas unidades —geralmente "studios" de 20 a 30 m²— também chamou a atenção. Em prédios da Vila Olímpia, por exemplo, o metro quadrado passa de R$ 20 mil.
Parecer muda regra aprovada pela Câmara
A instauração de um inquérito pelo MP, em 2022, levou a Câmara Municipal a alterar a legislação vigente e determinar, em julho de 2023, que o não atendimento do público-alvo da política renderia multa pesada às construtoras.
Na revisão do Plano Diretor daquele ano (inciso 2º, artigo 47 da lei municipal 17.975), determinou-se que o valor seria equivalente ao dobro da isenção integral obtida.
"Ao promotor do empreendimento, o dever de pagamento integral do potencial construtivo adicional utilizado, impostos, custas e demais encargos referentes à sua implantação, além de multa equivalente ao dobro deste valor financeiro apurado, devidamente corrigido”.
Foi seguindo o que diz essa lei que a gestão Ricardo Nunes (MDB) autuou, em janeiro de 2025, dois empreendimentos que teriam burlado as regras em R$ 31 milhões.
Passados quase cinco meses, os processos seguem em aberto, assim como a fiscalização anunciada de outros 200 projetos licenciados como de interesse social na cidade.
Com a mudança de entendimento, não só os dois casos já autuados podem ser revistos, como todo o modelo de punição.
Segundo o UOL apurou, a decisão visa evitar a judicialização dos casos sob investigação.
Para a professora de direito Bianca Tavolari, da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas de São Paulo), o parecer da PGM inviabiliza a aplicação de multas.
"Pode ficar muito barato para a incorporadora, a depender do caso", explica.
Segundo Tavolari, basta uma unidade de HIS fraudada para saber que a incorporadora/construtora não fiscalizou o enquadramento da renda.
"Exigir que todas as unidades tenham comprovação de fraude é pedir para não multar. Se a prefeitura não tem capacidade de fiscalizar, que acabe com o incentivo. Caso contrário, a política se resume a um entesouramento de recurso público para o privado." (Bianca Tavolari, professora da FGV-SP e pesquisadora do Cebrap).
Em 9.000 unidades, isenção de R$ 250 milhões
Apenas entre 2021 e 2024, a prefeitura licenciou 537,5 mil unidades consideradas como habitação social.
Segundo o UOL revelou, o poder público já colocou sob suspeita R$ 249,6 milhões em isenções fiscais concedidas no período.
O valor é relativo ao não pagamento da outorga onerosa -taxa que permite a construção de prédios mais altos, com maior aproveitamento do terreno. Esse é o principal benefício do programa de habitação social da prefeitura.
O preço da outorga varia de acordo com o endereço e as características do projeto. A cobrança é por metro quadrado.
Pela regra imposta pelos vereadores, a multa em dobro poderia alcançar R$ 500 milhões.
Agora, o cálculo dependerá da capacidade de fiscalização do município sobre cada uma das unidades comercializadas.
A respeito da responsabilidade sobre a checagem da renda dos compradores, o parecer da procuradoria reafirma que a comprovação cabe à empresa que obteve a "benesse". Repassar essa função ao município, como aventado pelas defesas das construtoras envolvidas, seria "inversão do ônus da prova”.
Dos 24 secretários do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao menos cinco têm envolvimento com negócios imobiliários – três deles são sócios diretos de empresas da área. Especialistas apontam potenciais conflitos de interesse, uma vez que decisões públicas têm alto impacto neste mercado, como no caso do megaprojeto que prevê reformar parte do centro de São Paulo para abrigar a nova sede do governo estadual. # Leia Amanda Audi, na Pública
Lula reencena a escuta, mas cala a mobilização; condena o bolsonarismo, mas abraça seu legado neoliberal. Sua frente amplíssima não contém a direita e dilui a esquerda em tons de cinza. Restaura-se o passado como museu: vitrine brilhante, conteúdo emancipador esvaziado
Ana Carolina de Bello Businaro (A Terra é redonda)
Luiz Carlos Bresser-Pereira se destacou como um economista e também como um perspicaz intérprete das complexas dinâmicas da economia política. Com seu último livro, Novo Desenvolvimentismo: introduzindo uma nova teoria econômica e economia política, ele reafirma sua posição como referência no debate sobre o tema.
Isaias Albertin de Moraes (A Terra é redonda)
Na aposta para levar o governo à paralisia e ao colapso, extrema direita no Congresso e mídia conservadora articulam campanha selvagem contra a estabilidade política do país e pela desarticulação dos projetos e garantias sociais.
(Luis Felipe Miguel, Substack)
# Como pensa certa elite do Brasil
(Bernardo Melo Franco, Globo)
# Tarcísio humilhou árabes ao usar bandeira de Israel (Diario do Centro do Mundo)
# Cilene Victor, pesquisadora da Universidade Metodista de São Paulo (leia no GGN)
Certamente não vivemos o ocaso do humano, muito embora o discurso alarmista aponte nesse sentido, mas vivemos um salto antropológico de grande envergadura no qual nossa capacidade adaptativa está sendo colocada à prova
# Entrevista com Lúcia Santaella (IHU)
# Entrevista com Egon Kluger feita por Andrea DiP, Claudia Jardim, Ricardo Terto, Stela Diogo, Rafaela de Oliveira (Pública)